CISTOS DO PÂNCREAS TRATAMENTO POR VIDEOLAPAROSCOPIA


RESUMO

Os autores apresentam três pacientes que tinham diagnóstico de cisto da cauda do pâncreas, detectado nos exames complementares. Realizaram a ressecção do cisto e parte do pâncreas com auxílio da vídeo-laparoscopia. A cirurgia transcorreu sem complicação e foi realizada dentro de um tempo considerado bom. A evolução foi boa, com pouca dor, rápida recuperação e com mínima agressão à parede abdominal demonstrando assim a sua factibilidade aliada as vantagens da vídeo-laparoscopia.

INTRODUÇÃO

Os cistos do pâncreas são pouco freqüentes. Sua real incidência não é bem conhecida mas sabemos que constituem 1% de todas as neoplasias do pâncreas (5)

Até bem pouco tempo eram indistintamente rotulados como adenomas e adenocarcinomas, porém a partir da análise do estudo histológico de peças ressecadas foi possível enquadrá-los em distintas categorias (3).

Nos dias atuais, em virtude da grande utilização dos exames de ultra-sonografia6 , o achado incidental de cisto do pâncreas passou a ser mais freqüente e o seu tratamento discutido precocemente podemos com isto reduzir o número de complicações e degeneração4,6. Assim, a importância no seu reconhecimento precoce está ligada ao tratamento que deve ser sempre cirúrgico compreendendo a pancreatectomia com ou sem esplenectomia. Este procedimento é realizado por laparotomia ampla normalmente seguida de moderado grau de morbidade, desconforto e dor; contudo o resultado é bom.

Como advento da vídeo-laparoscopia o procedimento passou a ser proposto e realizado na tentativa de reduzir o grau de agressão a parede abdominal minimizando assim o sofrimento dos pacientes.

É nosso objetivo apresentar três doentes com diagnóstico de cisto na região da cauda do pâncreas e que foram ressecados com auxílio da vídeo-laparoscopia, objetivando com isto demonstrar que a técnica é factível de ser aplicada por esta via e com vantagens já conhecidas da vídeo-cirurgia.

CASOS CLÍNICOS

Caso 1 – L.V.V., 40ª, feminina, parda.

Q.P. Episódios de dor em cólica no abdome superior.

Em julho de 97 após exame de ultra-sonografia foi diagnosticada litíase vesicular e cisto pancreático. No exame de tomografia computadorizada houve confirmação da litíase vesicular e do cisto localizado na cauda do pâncreas de 6 x 5 cm diâmetro.

A cirurgia foi realizada em setembro de 97 e constitui de Colecistectomia e Pancreatectomia caudal por vídeo-laparoscopia e esplenectomia.

A evolução foi sem complicações permanecendo internada por 5 dias.

Exame histopatológico – Colecistite crônica e cisto simples do pâncreas.

Caso 2 – V.M.M., 26ª, feminina, branca

Paciente grávida. Ao fazer exame de avaliação ecográfica foi diagnosticado cisto na cauda do pâncreas de 8 x 5 cm de diâmetro. Foi recomendada cirurgia após o nascimento do filho.

A cirurgia de Pancreatectomia caudal com retirada do cisto e esplenectomia.

Exame histopatológico – Cisto simples do pâncreas com fragmento de pâncreas normal e fragmento de tecido da supra renal.

Caso 3 – M.ªM.T., 37ª, feminina, branca.

Ao fazer estudo ecográfico para avaliação ginecológica foi diagnosticada cisto na cauda do pâncreas de 5 x 4 cm. Foi recomendada cirurgia porém pela falte de sintomas preferiu aguardar. Após 1 ano do diagnóstico retornou para nova avaliação. Houve leve aumento do cisto com presença de septos no interior do cisto tendo sido recomendada cirurgia.

Cirurgia – Pancreatectomia caudal com retirada do cisto.

Exame histopatológico – Cisto adenoma mucinoso do pâncreas e pancreatite crônica com fibrose.

COMENTÁRIOS

Os cistos do pâncreas não apresentam uma incidência bem conhecida pois a maior parte deles são apresenta sintomas ou são oligosintomáticos, contudo sabemos que eles são 10% de todos os tumores císticos do pâncreas8. A incidência é mais elevada no sexo feminino acima de 20 anos e com média de 54 anos1,3,7,9. Em dois terços dos casos eles se localizam no corpo e cauda do pâncreas como foi também observado em nossos casos.

O seu diagnóstico é inicialmente feito por meio de exames complementares realizados com outras finalidades como por exemplo ultra-sonografia do abdome superior ou tomografia computadorizada7. Como foi também observado em nossos 3 casos.

O diagnóstico diferencial deve ser feito com os pseudocistos do pâncreas e costuma não ser difícil de ser estabelecido em especial nos doentes com pseudocisto secundário a surto de pancreatite com elevação da amilase e presença de calcificações detectadas no Raio X simples do abdome. Os pseudocistos costumam ser múlriplos7.

No exame macroscópico do pâncreas com cistos verdadeiros podemos notar que a estrutura do pâncreas restante se apresenta conservada ao contrário do que observamos nos pseudocistos.

Embora mesmo avaliadas todas as possibilidades de diagnóstico diferencial e se ainda persistirem dúvidas a respeito do verdadeiro diagnóstico é recomendado raciocinar como sendo de cisto verdadeiro preferir realizar a ressecção não correndo o risco de realizar uma derivação em cisto verdadeiro1.

Dentre as lesões císticas do pâncreas os cistoadenomucinosos e os cistoadenocarcinomas são as lesões mais comumente encontradas3 porém a definição diagnóstica final histopatológica nem sempre é fácil de ser estabelecida pois em um mesmo cisto podem coexistir fragmentos de tecido normal com tecido neoplásico1.

Os cistos do pâncreas pela impossibilidade de firmamos um diagnóstico de certeza, e diante dos progressos com o tratamento cirúrgico e pela potencialidade de cura devem ser preferencialmente tratados pela ressecção pancreática. Assim quando os cistos estão localizados na cabeça do pâncreas devemos realizar a operação de Wipple e quando localizados na cauda ou corpo a pancreatectomia distal como foi o que ocorreu em nossos três casos.

A operação de Wipple embora seja possível de ser realizada pela vídeo-laparoscopia ainda necessita de maiores observações, pois até o momento parece não oferecer vantagens sobre a realizada pela via aberta.

SUMMARY

The authors present there patients with the diagnosis of cysts in the pancreatic tail. The diagnosis was made by ultra-sound because usually they are assyntomatic. The surgical treatment was cysts’ ressection with removal of the pancreatic tail associated with splenectomy in two patients. The mean time spent for this surgery was 4 hours. There were is no complication during the post-operatory period. This procedure is associated with minimum aggression to the abdominal wall, demonstrating its feasebility together with the already known advantages of the videolaparoscopy.




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